terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Um trecho de Hugo Almeida

"Abrirei mão de tudo. Deixarei essa cidade imóvel. Conforto, dinheiro do pai, família, tudo abandonarei. Você, com seus desenhos, será testemunha da minha juventude, só. Seu marido? Um funcionário de sapataria ou cartório. Filhos chorando. Adeus, arte, sonhos. Vejo o mar, jangadas são pontos no horizonte infinito. Ando pelo cais. Fora da barra, um longo navio fundeado. O piscar do farol, à noite, é convite, certeza de partida. Vou navegar os mares, desembarcar em todos os portos. Explorar todas as baías. Marinheiro de mil viagens. Um dia, voltarei, livre, livre, rodeado de glórias."

(Do conto "O canto do sonho", do livro Nove, novena - variações, edição da Olho Dágua.)

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