quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Lírica (1.193) - A foto
Receando esquecer-se do rosto amado, ele pega a foto dela e a olha por cinco minutos, pelo menos dez vezes por dia, e mais uma, antes de dormir. Mesmo assim, é atormentado por pesadelos dos quais acorda em pânico, julgando que os traços dela se desfizeram na memória. Levanta-se, então, e olha a foto até se sentir seguro, ou quase, de que poderá resvalar tudo para o olvido, menos aquele rosto. Nas férias, por essa incerteza mas também por deleite, livre das obrigações do trabalho, tem tempo de olhar a foto mais vezes. Ontem, no registro que sempre faz, anotou o número 127. Para o mar, embora o apartamento dê vista para a areia e as ondas, talvez não tenha olhado nem cinco vezes e, se a paisagem repentinamente desaparecesse, é provável que nem notasse, entretido com a contemplação da foto na sacada.
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