segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Poema de Marina Tsvetáieva para Boris Pasternak

"Distanciaram: verstas, milhas...
Trans-plantaram sem planilhas,
Para na terra seguirmos calados,
Cada um de seu lado.

Verstas, verstas se-pararam...
Des-soldaram, des-colaram,
Crucificaram-nos as mãos
Sem supor que era a fusão.

O tendão, a respiração...
Não cortaram - só sujaram,
Des-veiaram...
                    Muro e calha.
Des-paisaram - como a gralha -

Conspiraram: valas, verstas...
Não destruíram - dispersaram.
Nos covis da amplidão terrestre
Como órfãos, abandonaram.

Março é o pior - para o trabalho?!
Nos cortaram - como o baralho!"

24 de março de 1925

(De Indícios flutuantes, tradução de Aurora Fornoni Bernardini, publicação da Martins Fontes.)

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