"Mereço a tua piedade, Guilherme! Tudo acabou para mim... já não posso suportar isto por muito tempo!
Hoje estava eu sentado ao lado dela, que tocava ao cravo várias melodias com uma expressão, um sentimento!... Como hei de dizer-to?... A irmã pequenina brincava com a boneca em cima dos meus joelhos. De súbito vieram-me as lágrimas aos olhos. Baixei a cabeça e, ao reparar-lhe no anel de casamento, as lágrimas começaram-me então a correr copiosas. Neste momento, começou ela a tocar aquela lindíssima melodia antiga, de uma suavidade celestial. Senti desde logo na alma uma impressão de alívio, a recordação do passado, em que ouvira aquele trecho, sombria mudança de agora, das minhas dores, das minhas mágoas, das minhas esperanças perdidas!
E, num ímpeto revolucionário, com o coração oprimido, supliquei:
"- Basta! Pelo amor de Deus! Não toque mais!"
Ela parou de tocar e olhou fixamente para mim.
"Werther - respondeu -, o senhor está doente, muito doente. Até já lhe repugnam as iguarias da sua predileção. Peço-lhe que se retire, deve carecer de repouso."
Afastei-me de seu lado e... Oh Deus, que estás vendo a minha desventura! Põe-lhe termo, Deus de bondade!"
(Tradutor não mencionado, publicado pela W.M. Jackson.)
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