"Como saber que era em nós
Esse animal de mansuetude,
Enormidade feita de clemência e de veludo
E que podia viver por tanto tempo
Bem guardado sob a pele,
Espelho dessas criaturas
Abissais, meio fantásticas,
Que não conhecem a luz.
Que de todos os possíveis
Ficaria essa trilhada
Em que os pés vão sozinhos,
Sábios embrutecidos
De vasculhar entre despojos
Como tem as palmas calejadas
De enfeixar o trigo uma ceifeira,
Como tem o peito crestado
De se dar ao mar um pescador."
(Do livro O amor e depois, publicado pela Iluminuras.)
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