"Viram meus olhos que expressão dolente
Tínheis em vossa angélica figura,
Ao notardes os modos e a postura
Que a dor me faz tomas frequentemente.
E, ao ver que vos passavam pela mente
As condições de minha vida obscura,
Comoveu-me a patética tremura
De revelar o que minha alma sente.
E me afastei de vós, depois, notando
Que as lágrimas corriam com fervor,
Por me haver essa vista comovido.
Eu disse então, comigo, entristecido:
'Anima essa mulher o mesmo Amor
Que ora me faz andar assim chorando.'"
(De Vida nova, tradução de Paulo M. Oliveira e Blasio Demetrio, publicação da Atena Editora.)
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