domingo, 24 de agosto de 2014
Cotação da noite (3)
Andei em lupanares, bebi em tavernas, corrompi o corpo e enlameei a alma. Só não adotei os vícios aos quais não fui apresentado. Tenho todas as chagas físicas e morais que um proscrito pode ter, mas nenhuma tão profunda, fatal e impiedosa quanto a poesia. Ela me desencaminhou aos treze anos, como nenhuma rameira poderia fazer. Sinto seu hálito a todo instante, dia e noite, e o aspiro como o mais eficiente meio de minha completa dissolução. Houve um momento em que talvez pudesse trocá-lo pela fragrância de flores, mas não quis.
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