"Venha de onde vier, enfim, a verdade é que necessitamos de certo reconhecimento público; e não apenas para continuar escrevendo, mas até mesmo para continuar sendo. Quero dizer que um escritor fracassado costuma se transformar num monstro, num doido, num doente. Num ser infinitamente infeliz, em qualquer dos casos. Como aconteceu, por exemplo, com Herman Melville, o autor do maravilhoso Moby Dick, um romance que hoje, um século e meio após sua publicação, continua sendo reeditado e reverenciado, mas que na época não agradou a absolutamente ninguém, nem mesmo aos amigos mais fiéis de Melville, que o consideraram um livro estapafúrdio com todas aquelas meticulosas descrições dos costumes das baleias espermáticas. Moby Dick não vendeu nem duas dúzias de exemplares e foi recebido com vaias; Melville nunca se recuperou desse fracasso e, embora tenha vivido mais quarenta anos, quase não voltou a escrever: só produziu um romanção ilegível, uns poucos poemas e alguns textos breves, como sua genial novela Bartleby, o escrevente, que demonstra que seu talento permanecia intacto apesar do exílio de silêncio em que vivia."
(De A louca da casa, tradução de Paulina Wacht e Ari Roitman, publicado pela Ediouro.)
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