terça-feira, 30 de setembro de 2014
Nota (ainda que tardia)
Quero firmar comigo mesmo o compromisso de nunca mais escrever, aqui, qualquer tipo de texto que seja ou pareça ser um recado a pessoas que o leitor não conhece. O blog nasceu de uma exacerbação de espírito que me acometeu em 2010 e durante todo esse tempo vem sendo usado como intérprete dessa exacerbação, que acabou se tornando uma grave perturbação psíquica. Pode ser que, uma vez ou outra, essa anomalia tenha produzido algo similar à literatura, alguma coisa que pudesse talvez ser considerada interessante por si só. Tomara que sim. Saber disso aliviaria minha pena, embora jamais possa, por mais que eu viva, bastar para absolver minha consciência. Fui percebendo que o blog, se trazia textos fora do âmbito dessa perturbação, não se livrava nunca da insanidade original que o criou e que, no início pelo menos, eu considerava amor, tanto que assim o chamava. Minha insânia forjou todos os estratagemas para continuar no reino da fantasia, não se importando em resvalar para a desonestidade. Havia sempre, em todo esse tempo, uma pessoa que sabia a quem eu dirigia meu desvario, e nem preciso imaginar quanto ela sofreu, sem a mínima culpa. Hoje atingi o limite. Escrevi coisas de que me enojei tão profundamente que, se não parar por aqui, me levarão à abjeção máxima que um ser humano pode atingir. Não tenho mais como me defender. Invocar o sentimento que me conduziu a essa nefasta trilha eu sei que é inaceitável. Eu só o cito porque ele fez parte da história, embora transfigurado desde o princípio por minha imaginação doentia. Cabe-me agora cumprir o que aqui prometo - e que nisto, pelo menos, eu possa manter a dignidade que tantas vezes me faltou.
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