"Por que o amor - perguntava a mim mesmo - faz sempre pensar na morte? É que ele próprio é morte, a morte em nós mesmos, o aniquilamento do sombrio déspota em que fala o peta persa, a extinção do egoísmo, da vida pessoal e solitária. E essa morte é uma vida nova; mas essa vida é bem uma espécie de morte. Por que a mulher, ser nervoso, débil, tímido, não teme nenhum perigo quando está com aquele a quem ama? É que morrer sobre o coração amado é o seu sonho secreto. O paraíso para ela é estar junto; que seja no sofrimento, na alegria, nas delícias, no falecimento, é secundário."
"A paixão é uma das formas da prece. Tudo o que nos transporta além de nós tem alguma coisa de sublime. E o sublime consola das fealdades da vida comum, acima da qual devemos pairar."
(De Diário íntimo, tradução de Henri-Frédéric Amiel, edição da É Publicações.)
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