domingo, 4 de junho de 2017

"Contrição", de Bocage

"Meu ser evaporei na lida insana
Do tropel de paixões, que me arrastava.
Ah, cego, eu cria, ah, mísero pensava
Em mim quase imortal a essência humana.

De que inúmeros sóis a mente ufana
A existência falaz me não dourava!
Mas eis sucumbe a natureza escrava
Ao mal que a vida em sua origem dana.

Prazeres, sócios meus e meus tiranos,
Esta alma que sedenta em si não coube,
No abismo vos subiu dos desenganos.

Deus... oh Deus! quando a morte a luz me roube,
Ganhe um momento o que perderam anos,
Saiba morrer o que viver não soube."

,

Nenhum comentário:

Postar um comentário