"Médico recém-formado, trabalhei como clínico num asilo para idosos mantido pela comunidade judaica de Porto Alegre. Entre os residentes, havia uma mulher que me chamava particularmente a atenção; embora apresentasse um grau avançado de demência, era uma pessoa alegre - passava os dias cantando - e, se assim posso me expressar, sensual: eu sempre a via penteando-se, ou diante do espelho, se arrumando como podia. Mais que isto, acreditava-se sedutora: quando eu ia a seu quarto, examiná-la, não me identificava como médico, e sim como um visitante qualquer. Que moço elegante, dizia então, senta aqui na cama, vamos conversar um pouco... Inevitavelmente seguia-se uma investida; de modo que, para examiná-la, eu precisava que uma atendente a segurasse."
(Publicado pela Editora Rosa dos Tempos.)
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