segunda-feira, 11 de junho de 2018

"Foto de guerra 2", de Margaret Atwood

"Ainda que você continuasse vivo,
nunca teríamos nos falado.
Suponha que tivéssemos partilhado uma estrada,
um carro, um banco, uma mesa -

Talvez você me oferecesse
um pedaço de pão, uma fatia de limão.
Ou então haveria suspeita,
ou medo, ou nada.

Agora, contudo, parece que pergunto
e você responde:

Por que a árvore está morrendo?
Está morrendo por falta de verdade.

Quem tapou os poços da verdade?
Aqueles com as armas.

E se eles matarem todos os que estão sem armas?
Então vão se matar uns aos outros.

Quando haverá compaixão?
Quando a árvore morta florir.

Esse é o tipo de coisa
que só acontece na poesia.
Tem razão em suspeitar de mim:
não posso falar de sua ausência por você.

(Por que então consigo ouvi-lo com tanta clareza?)"


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