segunda-feira, 24 de setembro de 2018

"Nós", de Fábio Montenegro

"Eu ando alheio, há muito, ao que se passa
sob a miséria e os torvelinhos da rua:
desconheço o clamor da população
e a vaidade, que em tudo tumultua.

Vivo do seu amor, da sua graça,
e adoro, sob a névoa que flutua,
através da cortina e da vidraça,
a palidez romântica da lua.

Em cada riso, em cada olhar, em cada
anseio que de ti me vem, querida,
sinto que cada vez és mais amada.

E assim, longe do mundo, refletida
tua alma na minh'alma, és alvorada
cantando o poema esplêndido da vida."

- Difícil achar algo desse poeta santista, ora citado como romântico, ora como parnasiano. No segundo verso  - "sob a miséria e os torvelinhos da rua" -, o decassílabo imperfeito chama a atenção (provavelmente um descuido da edição). Se alguém souber algo sobre isso, será bem-vinda uma nota.

Nenhum comentário:

Postar um comentário