"Mas elas têm olhos brancos de todo, sem cílios,
E mãos frágeis como juncos.
Senhor, com elas, não. Conheci
A voz das crianças de manhã
Nas encostas verdes que elas desciam
Alegres como abelhas ou qual
Borboletas multicores.
Senhor, com elas, não, sua voz
Não sai sequer dos lábios,
Sai colada aos dentes amarelos.
O mar te pertence e o vento
Com um astro suspenso do firmamento;
Senhor, elas não sabem que nós somos,
Somente o que nós podemos ser,
Curando nossas chagas com ervas
Colhidas nas encostas verdes,
Aqui, bem junto, não lá longe.
E que respiramos como podemos
Com uma prece tímida cada manhã
Que chega à praia caminhando
Nas falhas da memória.
Senhor, com elas, não. Que tua vontade se faça
De outra maneira."
(Tradução de Darcy Damasceno, Coleção Prêmios Nobel de Literatura, Editora Delta.)
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