segunda-feira, 10 de junho de 2019

Louis-Ferdinand Celine

Espantam-me certos clichês que se usam quando se citam alguns escritores, ressaltando-lhes o brilho apesar do caráter reprovável. Celine é talvez o exemplo mais expressivo. Pintam-no como um ser humano desprezível e estranham que ele pudesse ser um artista quase divino. A vida - assim como a arte - não é feita de bem ou de mal, mas de bem de mal. Que Céline não tenha sido um santo ou um benemérito é, do ponto de vista da literatura, algo que se deve mais saudar do que deplorar. À arte não compete falar por ideologias, causas ou religiões. A arte não redime ninguém. Se os anjos quiserem se manifestar, que não o façam por intermédio de nós.

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