sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Soneto da pandemia

Desde que nos aflige a pandemia,

Mudou nosso conceito de viver

E morrer nos parece agora ser 

Nosso único dever e serventia.


Estamos, seja noite, seja dia,

Resignados a ouvir e obedecer

Ao papel que nos deram e morrer

Sem contestação e sem rebeldia.


Num tempo em que se zomba da verdade

E a quantidade vence a qualidade

E vale o que não tem valor nenhum,


Resistamos enquanto respirarmos

Antes de pelos dados nos tornarmos

Mil e tantos mais tantos e mais um.



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