terça-feira, 21 de setembro de 2010
Lírica (749) - Matinê
Esparramou graxa nos sapatos e, para que pegassem mais brilho, deu uma cuspidinha em cada um antes de passar a flanela, como lhe haviam ensinado. Olhou-se e reolhou-se no espelho até se achar satisfatório, conferiu o dinheiro com que pagaria os dois ingressos do cinema e certificou-se de que no bolso estavam as balas de hortelã que, se estivesse num dia de sorte, poderia ir tirando da boca da garota com a língua e repondo, durante o filme. Estava na hora de sair. Ela havia marcado para a uma e, como era possível confiar em namoradas nessa época, ele foi pegar o ônibus que o levaria para aquela que imaginava ser a melhor tarde de sua vida.
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