terça-feira, 9 de novembro de 2010

A gaveta (15) - Mulher

Mulher,
Hoje que o tempo me salvou de ti,
De ti e de minha robusta fraqueza,
Hoje que meu pensamento
Teve alta afinal
E se libertou das grades do sentimento,

Hoje, lembro sem temor teu nome
E como teu corpo pulsava nele,
Tanto, tanto, que ao pronunciá-lo
Meus lábios tinham sabor de beijo,
Orelha, seio, sexo.

Quantas garrafas,
Quantas lágrimas, mulher,
No caminho de tua posse impossível.

Mas hoje, hoje que te refaço,
E surpreendo secos meus olhos,
E a mão não tateia mais
A tranquilidade errônea do conhaque,

Semeio o sono, Sandra,
Com teu nome despojado da carne,
E teus olhos de chama extinta
Velam serenos as ovelhas do meu sonho.

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