sexta-feira, 24 de agosto de 2012
Boa noite
Digo-te boa noite agora, tão cedo, para reservar as melhores estrelas para ti. Elas andam escassas e eu me pergunto se a dizimação que o homem provoca em toda parte não estará se estendendo ao céu. Tenho visto a lua muito pálida, abatida, e temo que hoje ela nem apareça para te ver, embora te aprecie tanto e eu lhe tenha feito um pedido veemente, ilustrado por minhas lágrimas. Mando-te uma dezena de estrelas, que me foram recomendadas como as mais belas e mais confiáveis, e te deixo com essa expectativa de que a lua, se puder, apareça. É pouco isso tudo, bem sei, em comparação com o que os poetas de antigamente ofereciam, mas vai com um carinho que talvez possa abrandar tua decepção. Tem sido esse o enredo da história, há muito: tua decepção comigo, que cresce na razão inversa do meu afeto por ti. Se acreditas que as estrelas falam com quem tem ouvido capaz de entendê-las, espero que elas te deem, sem mudar uma vírgula, o recado que mando por elas e que, para não estragar a surpresa, não direi que é constituído basicamente por aquelas três curtíssimas palavras que já sabes quais são e não me canso de dizer-te.
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