domingo, 26 de agosto de 2012
Kama Sutra - XLI
Não faz nem um minuto que ela saiu, depois de trocar com ele aqueles beijinhos de costume entre mulher e cabeleireiro, e ele já imagina qual das unhas deixará crescer mais do que as outras, a qual delas ensinará a arte de sulcar a pele maciamente, levantando-lhe um arrepio. Tem um mês para isso. Quando a mulher voltar, ele terá tido tempo de ensaiar, na própria pele, o toque exato, aquele que vá descendo milímetro a milímetro, como se tivesse toda a eternidade para descer e mesmo assim parecesse demorar-se mais aqui e ali, como se nesses pontos pudesse fazer aflorar um prazer mais intenso. Ele tem um mês para adestrar a unha, para aprimorá-la. Quando a mulher vier de novo e, como hoje, pedir que ele lhe apalpe a nuca e procure um carocinho que ela sabe não ter, ele fará a unha disciplinada, talvez até já um tanto viciada, descer milímetro a milímetro a pele que hoje lhe foi oferecida e ele não ousou percorrer.
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