"Aquela foi a primeira vez na vida em que uma mulher me lavou. Tudo o que aconteceu naquela noite, aconteceu pela primeira vez, é claro. Tentei esconder minha confusão com humor e tolerância, usando tudo o que minha mãe tinha me ensinado para entrar na alta sociedade.
Completamente nu, enfrentei uma pessoa estranha também completamente nua. Sim, o detalhe importante é que ela era uma estranha. Usou um sabonete cheiroso para ensaboar e esfregar meu corpo. A água estava quente, mas eu não senti calor nas mãos do passarinho. Minha única sensação era que estava sendo tratado como um objeto, mesmo antes que eu a tratasse assim.
Ela estava particularmente interessada em lavar aquele lugar com um líquido que não era sabão. Concentrava-se tanto nisso como uma mulher extremamente higiênica limpando seus pauzinhos antes de comer em um restaurante barato.
Senti-me idiota e desajeitado; ai não havia lugar para pôr à prova todo o meu conhecimento substancial da arte de seduzir."
(Do romance Acostumado a morrer, tradução de Vera Maria Whately, publicado pela Editora Best Seller.)
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