quinta-feira, 31 de julho de 2014

Um poema de Ademir Assunção

"A LIRA NO LIXO

               para Cazuza

pensam o poeta
um ente otário
doente, sem dinheiro
um falsário
profeta picareta
um prego enferrujado
espalmado
na mão direita

pensam o poeta
um junkie solitário

trama o poeta em seu nicho
palavras mágicas
sendas ocultas
senhas surdas
risca um risco no disco
cisca um cisco preto
no mármore preto
e cata iguarias no lixo."

(Do livro LSD nô, publicado pela Iluminuras.)

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