sábado, 9 de agosto de 2014
Aquele era outro
Aquele que te comparava aos lírios, às rosas e às estrelas era outro. Dizem que morreu de tristeza. Este, o de hoje, que te apalpa quando se apalpa e que geme quando imagina que gemes, é outro. A este agradam os frutos, a cócega que fazem na língua os pêssegos, o estalo das maçãs quando ele as morde, como se estivesse se abrindo um sutiã, a doçura morna e viciosa que as ameixas deixam na boca. E as incontinentes laranjas que sem aviso nem controle espirram mel no fundo da garganta.
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