sábado, 9 de agosto de 2014
O vício
Não é sempre que eu penso em você. Penso em outras, também. Numa que vejo na rua, ou no shopping. Numa que vejo no metrô, no ônibus. Penso em várias. À noite, em casa, escolho uma. Vamos até o carro, sento no banco do passageiro (o carro é sempre delas) e, enquanto ela dirige, como você fazia a caminho dos motéis, a fantasia começa a ganhar dedos e carne. O início, o meio e o fim são sempre prazerosos. Depois é que vem a melancolia. Falam muito do vício solitário do homem. Um homem solitário não tem vício. O que ele tem, como os prestidigitadores, são dois ou três truques para enganar a tristeza. Mas ela sempre volta.
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