"Não há dúvida de que foi estúpida e injusta a maneira como a crítica oficial tratou Capote, mas, por outro lado, ele deixou aquele sucesso miserável afetá-lo em excesso. Ou seja, afundou no poço sem fundo da vaidade que nunca se sacia, da solicitação interminável, e não lhe foi suficiente o monumental sucesso que seu livro obteve. Capote queria mais. Queria tudo. E querer tudo é o mesmo que não querer nada; algo tão grande que não se pode abarcar. 'Quando vi que não me deram aqueles prêmios, pensei: vou escrever um livro que deixará todos vocês envergonhados. Vão ver o que um escritor verdadeiramente, verdadeiramente dotado pode fazer quando se propõe', explicou Capote anos depois. E aqui está definido todo o seu inferno. A vaidade do escritor não passa na verdade de um vertiginoso poço de insegurança; e se você entra nesse abismo, não interrompe a queda até chegar ao centro da Terra. Se cair no poço, não importa que dois milhões de leitores digam que adoraram seu romance: basta um crítico cretino da Folha Paroquial de Valdebolullo escrever que seu livro é horroroso para você ficar angustiadíssimo."
(Do livro A louca da casa, tradução de Paulina Wacht e Ari Roitman, publicado pela Ediouro.)
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