"Três anos
ali parados, esperamos o mensageiro,
a perscrutar bem de perto
os pinheiros a praia e as estrelas.
Confundindo-nos à relha do arado ou à carena do barco
buscávamos encontrar de novo a semente primeira
para recomeçar o antiquíssimo drama.
Voltamos para nossas casas alquebrados,
braços e pernas enfraquecidos, boca requeimada
pelo gosto de ferrugem, de salsugem.
Ao despertar, viajamos para o norte, forasteiros
afundados na névoa das asas imaculadas de alvos cisnes que nos feriam.
Nas noites de inverno, endoidecia-nos o vento cortante de leste
e no verão nos perdíamos na agonia do dia que não sabia morrer.
Levávamos atrás
estes baixos-relevos de uma arte humilde."
(Do livro Poemas de Giorgos Seféris, tradução de José Paulo Paes, publicado pela Nova Alexandria.)
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