sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015
23h00
Hora de fechar o escritório. Dormir. Se algum poema retardatário chegar, que espere até amanhã. O que têm os poemas a dizer, afinal, que já não tenham dito? Sempre o mesmo: o amor fere, o amor mata. E, no entanto, estamos aqui, aqui continuamos, pregados na ridícula cruz de nosso prosaico martírio. Nossos lábios têm vergonha de nós. Tanta servidão nós os obrigamos a transmitir diante de um sentimento que elevamos à condição de vilão, quando ele, no fundo, tirando os exageros poéticos, consiste somente em arfar e resfolegar.
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