quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015
Voltei, Valeria
Retomei teu Rostos na multidão, Valeria Luiselli. Intuição de leitor, mas principalmente sorte. Arrepio-me quando penso que poderia morrer sem levar, para onde for, se é que se vai para algum lugar quando se morre, a beleza da tua poesia, o humor do teu menino médio, a provocação de teus mistérios e tuas suposições. Sou um leitor velho já, Valeria, e já não imaginava que a literatura pudesse me dar mais um presente raro, como esse teu. Bravos, menina. Que travessura fizeste. É isso que teu livro é: uma deliciosa travessura. Quem, como eu, já passou da fase e não tem mais corpo para travessuras, pode fazer o que faço: aplaudir-te. E, se te chamo ali em cima de Valeria Luiselli, é porque chamaria Dante de Dante Alighieri e Emily de Emily Dickinson. Mas, aqui entre nós, te pisco e te sorrio, menina Valeria. Como conseguiste fazer isso? Não, não me contes. Deixa este velho bobo continuar procurando.
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