quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Soneto do ingênuo sofredor

Pensou que em todos doía
Com tão intenso furor,
E a mesma impiedade, a dor
Que em si mesmo doer soía.

Se o amor tão fundo o afligia,
Como podia supor
Que outro qualquer sofredor
Menos que ele sofreria?

Jovem, ele imaginava
Que alguém, se de amor chorava,
Não poderia fingir.

Com o tempo, muito aprendeu
E hoje, assim como tu e eu,
Já sabe também mentir.

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