sábado, 15 de fevereiro de 2020

Soneto do lacaio amoroso (para Camões se revirar no túmulo)

Era um lacaio desses de terceira.
No palácio era apenas recrutado
Sempre para o trabalho mais pesado,
Sempre para a tarefa mais grosseira.

Entrara porque amava sua rainha
E declarar-lhe seu amor pensava,
Mas sete anos ali já labutava
E o dia de se declarar não vinha.

Teria no palácio envelhecido
E de tristeza ou de paixão morrido,
Sem prova de seu sentimento dar

Se o rei, afeito a exóticos prazeres,
Não visse nele um dos amáveis seres
Dignos de sua cama frequentar.

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