terça-feira, 22 de março de 2022

Soneto dos prazeres que o mundo promete

 Se as vozes que te chamam se calassem,

Se menos fúteis fossem teus ouvidos

Ou fossem de tal forma prevenidos

Que aos clamores do mundo não ligassem.


Se os sons do baile não te procurassem,

Se pudessem passar despercebidos

Os brados das baladas, e os gemidos

Dos boleros langor não te causassem,


Poderias um desses jovens ser

Que podem como exemplos se apontar

De sobriedade e de moderação.


Mas quem o halo de santo há de querer,

Se o mundo não se cansa de o chamar

Para o prazer supremo e a consumpção?

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