quarta-feira, 2 de março de 2022

Soneto em que se menciona mister Parkinson

 O que hoje tenho a lhes oferecer

Não é nenhuma peça de beleza,

Obra nenhuma de arte, e com certeza

Nada que me honre ou possa envaidecer.


De tudo aquilo que eu queria ser,

Dos ideais e dos sonhos de grandeza

Que mantiveram a minha alma acesa,

O que hoje sobra é o que hoje posso ter.


Não sou o grande artista que eu queria,

Faltam-me brilho, técnica, estesia,

E tudo mais que sempre me faltou.


E faltam-me também - calamidade! -

A fé que eu tinha, e a minha dignidade,

Desde que mister Parkinson chegou,

Nenhum comentário:

Postar um comentário