Gonçalves Dias, o autor da Canção do Exílio ("Minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá"), era romântico na poesia e na vida. Dizem biógrafos que um de seus poemas, escrito para a mulher amada, foi por ele copiado com o próprio sangue. Outro episódio citado é o ocorrido em um baile. O poeta, caminhando para ir falar com uma moça com a qual pretendia dançar, viu que ao mesmo tempo outro cavalheiro chegava com a mesma intenção. A mulher, vendo os dois pretendentes diante dela, não sabia que decisão tomar. Gonçalves Dias, então, disse-lhe estes quatro versos que devem ser colocados entre as obras-primas da galanteria:
Senhora, já que podeis
Dizer não e dizer sim,
Dizei sim, mas não a ele,
Dizei não, mas não a mim.
Não lembro qual foi o desfecho, mas acredito que, se não foi Gonçalves Dias quem saiu a rodopiar pelo salão com a moça, essa foi uma das grandes injustiças já presenciadas no mundo.
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A poesia às vezes é usada a serviço do humorismo. Millôr Fernandes é um dos que melhor sabem fazer isso. Luis Fernando Verissimo também. No passado, Gregório de Matos se celebrizou por desancar autoridades e costumes com seus versos cheios de veneno. Por isso, passou a ser conhecido como Boca do Inferno. Eu, ocasionalmente, me sinto tentado a fazer uma brincadeira "poética". A mais recente é esta, que menciona filósofos gregos e teria sido escrita por Hortelino Trocaletra, aquele personagem famoso por trocar o "r" pelo "l":
Diógenes, poblezinho,
Vivia vida de cão.
Comia só um platinho,
E Sóclates, um platão.
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
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Oi Raul
ResponderExcluirAcabei de descobrir seu blog, mas li só os últimos posts... como aperitivo. Certamente vou fartar meu apetite quando ler os outros. Um grande abraço!
Tuna
Tuna, com leitores como você, precisarei refinar os temas e os textos e temperá-los com requinte.
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