O cubano Guillermo Cabrera Infante deu aos jogos vocabulares e aos trocadilhos um importante papel na sua obra. Se alguém soube fazer isso com maior brilho do que ele, foi James Joyce. O amor que Cabrera Infante devotava a essas brincadeiras e a classe com que as fazia revelam-se já em títulos de livros seus: Três Tristes Tigres, Havana para um Infante Defunto, Mea Cuba. A graça que ele punha nesses exercícios de fino humor mostrava-se também quando ele narrava casos. Como este. No tempo em que, com a ascensão de Fidel Castro ao poder, viveu exilado em Londres, Cabrera resolveu um dia ver se encontrava vestígios da casa na qual viveu Bram Stoker, que em 1897 publicou Drácula. Tinha certa ideia de onde poderia localizá-la e foi andando, perguntando ali e acolá. Entrando numa rua em que as construções pareciam mais antigas que em qualquer outro lugar percorrido por ele, perguntou a uma austera senhora se ela sabia qual era a casa do criador de Drácula. A mulher o olhou com horror: "Drácula? Meu senhor, gente dessa espécie não anda por aqui."
Corr(l)eção
Tenho com a informática certas divergências que receio se deverem a desconhecimentos meus -- e às vezes a certa birra que ela demonstra nas suas relações comigo. Num dos tópicos deste blog, o que cita um poema composto por Hortelino Trocaletra, lembro-me de ter escrito que ele trocava o "r" pelo "l", embora essa informação pudesse ser descartada, pela fama do personagem. Cliquei a tecla certa, mandei o texto embora e, ao revê-lo, notei que ele havia sido editado e tinha ficado com muito melhor aspecto. Mas a informação sobre o "r" e o "l" havia sido devorada por algum perverso mecanismo. Fica o aviso, aqui. Tentarei corrigir o texto e, se conseguir, procurarei posteriormente suprimir esta ressalva. Que Deus me ajude nos dois empreendimentos e que a informática diga amém.
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