segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Ires e vires da paixão

Brigam
por isto
ou por isso
ou por aquilo

Brigam
por isto
e por isso
e por aquilo

Desentendem-se
amuam-se
falam-se
coisas ásperas
e depois de falá-las
não se falam
mais

Passam dias
semanas meses
sem se falar
mas com a doce
incitação
da memória
e da saudade
molham
diariamente
de mel
palavras
de reconciliação

Porém
quando voltam
a se falar
logo o mel escorre
e as palavras
voltam a soar
como pedras

Têm medo
de se entregar
ao que sentem
porque algum
orgulho ferido
ainda lhes dói
alguma lembrança
de algo que outrora
lhes pareceu merecer
as mais ternas palavras
palavras que hoje
se arrependem de
ter pronunciado

Que cicatrizem
as feridas
e possam logo
os dois dizer
um ao outro
palavras que não
tenham receio
de se mostrar
ao sol ou
de ser ditas
quando a luz alcoviteira
se apaga e convida
a noite a vir
com seus dedos de seda
seu hálito de fogo
e sua língua comprida
 a entrar no quarto.

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