terça-feira, 21 de dezembro de 2010

A testemunha

Caminha no deserto

Descobriu que as ideias
e os sentimentos
até os mais pungentes
são só um assunto na pauta
um convite à comunicação
entre os homens
como a meteorologia e seus
vai-choveres e não vai-choveres

Sem ninguém para vê-lo
nem ouvi-lo
caminha como se
não tivesse corpo
nem alma
e é como se fosse
alguém que não é
ninguém

E por isso
se suporta e se tolera
e quase lhe viria
à cabeça o conceito
de felicidade
essa outra baboseira social
criada como um tema constante
para os encontros humanos

Quase lhe viria
esse conceito
se não viesse
antes a lua
e não começasse
a segui-lo

Com uma testemunha
na caminhada
ele volta a
se sentir alguém
dolorido e desgraçado
e se põe a dialogar
com a lua
sobre essa dor
e sobre essa
desgraça

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