Hoje gostaria de não escrever nada. Não contaminar palavras essenciais com adjetivos e verbos, não fazê-las entrelaçar-se, imiscuir-se umas com as outras, não deixá-las adquirir gosto pela promiscuidade. Distribuí-las talvez uma em cada linha, assim,
AMOR
TERNURA
AFETO
para que nenhuma proximidade possa tentá-las a trocar, uma com as demais, características que são próprias só de cada uma delas e que assim deverão continuar. Gostaria, ah, gostaria, de escrever estas palavras assim
AMOR
TERNURA
AFETO
e colocá-las em letras bem grandes e coloridas em uma tabuleta enorme e dá-la a você, para que, isentas da inaptidão que sempre tive para juntá-las com outras, cada uma diga o que podem dizer as palavras quando não modificadas pela presunção do homem.
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
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