Velho demais
para a cocaína
para o crack
para overdoses
e para doses
ainda que
ocasionais e mofinas
de morfina
Frágil demais
para qualquer surto
mesmo o mais curto
despreparado
para qualquer viagem
até para as amenas
de cabotagem
já não bebe
nem cerveja
nem conhaque
Viciou-se em sono
e dorme catorze horas
dezesseis
dezessete
às vezes mais
Quando sai da cama
desce para a cozinha
come alguma coisinha
bebe um suco
ou um guaraná
depois vai para a sala
senta-se no sofá
ainda de pijama
e quando outra vez
começa a bocejar
volta para a cama
ou dorme lá
Sente-se bem assim
ou pelo menos
diz que sim
Mas ainda às vezes
lhe ferve no sangue
o vírus da madrugada
o álcool nas veias
as ébrias gargalhadas
e o gosto áspero
das sarjetas
e das calçadas
E sua memória
entre saudosa
e envergonhada
vê de novo
o sol apontar
para o seu rosto
o dedo incriminador
enquanto as vozes
da saudável manhã
com uma abominação
disfarçada de comiseração
dizem ai coitado
assim largado
tão moço tão moço
terça-feira, 22 de março de 2011
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