sexta-feira, 25 de março de 2011
No parque
Desentenderam-se, brigaram, romperam. Um ano depois, supondo que talvez o amor pudesse ainda ser salvo, encontraram-se num parque ao qual às vezes iam outrora. Era uma tarde amena de primavera e cada passo que davam abria neles um sorriso de reconhecimento: olhe isto, olhe isso, olhe aquilo. Tudo estava ali, até o menino que um ano antes derrapava com sua bicicleta enquanto a mãe, sentada num banco, lhe suplicava que tivesse cuidado. Depois de uma volta pela pista de cooper, viram que tudo estava igual, mas algo lhes oprimia o peito. Não iniciaram a segunda volta. Saíram do parque e nesse instante as árvores, tocadas por um súbito vento, como se quisessem ilustrar a cena e expressar um vaticínio, começaram a balançar seus galhos e a dizer não.
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