quarta-feira, 21 de setembro de 2011
Intruso (para Zelda)
Ela deixou o último traço na tela e foi se deitar. De madrugada, teve um pesadelo e ouviu um grito triste, um piado aflito, um pedido de socorro. Acordou inquieta e andou até a sala, onde estava a tela. Na árvore onde juraria ter colocado quatro passarinhos havia três e no céu ela viu um gavião que não se lembrava de ter pintado. Voltou para a cama e, embora ouvisse de novo o piado, não interrompeu o sono. De manhã, sem se lembrar do pesadelo, parou para olhar a tela. Aprovou o trabalho, com exceção do passarinho na árvore. Havia algo muito triste nele, parecia aterrorizado. Notou também em cima, no céu azulíssimo, um ponto que, para que houvesse um equilíbrio formal, deveria ser preenchido com algo. Pensou num gavião.
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