quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Rota

Meu caminho não é
para o alto
para a frente
para a certeza
inamovível do norte
nem para a posteridade
que reescreve a vida
e dignifica a morte

Meu rumo não é
um rumo
é um contrarrumo
e a minha rota
submersa em treva
me leva
ao suprassumo
da desgraça e da derrota

Para beber a água
do rio turvo
me curvo e me abaixo
e na superfície leio
que são vãos meus anseios
e que para os outros
não para mim
é feito o mundo

E o que me resta
de mais profundo
e me caberá até o fim
é esta sina
sempre esta
de olhar assim
para baixo
bem para baixo e bem
para o fundo.

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