sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
Heróis mortos
Sempre tive simpatia pelos heróis que se imolaram pelo amor, que se acabavam em expectativas frustradas e definhavam em madrugadas insones. Sempre tive a compreensão de que a recompensa deles pelo seu martírio amoroso jamais poderia ser a conquista. Aclamadas sejam, cantadas e decantadas, as condessas, as duquesas, as empregadinhas do comércio e as cortesãs que nos romances se deram a todos, menos ao rapaz pálido, ao poeta tuberculoso, ao oficial de cavalaria e ao insignificante escrivão que por elas morreram em duelos do corpo e da alma e aos quais o benevolente destino abençoou, não os deixando descobrir que o prêmio almejado, se recebido, teria não o fulgor de uma estrela, mas o brilho baço de um berloque.
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