segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
O nome do amor
Ele continuava gritando o nome do amor quando lhe puseram a camisa de força e o enfiaram na ambulância. Um dos dois enfermeiros, novato, impressionou-se com os berros cada vez mais agoniados e disse ao outro se eram comuns internações por problemas de amor. "Pelo menos duas por semana", respondeu o segundo. "São os que mais fazem escândalo. Mas você vai ver. Lá na clínica a gente dá um trato neles e eles se acalmam num instante. Aí eles choram, que nem criancinhas. É tudo gente sem fibra. Sabe de uma coisa? Eu respeito caras que ficam doidos por falta de dinheiro, ou porque são drogados, coisas assim. Mas desta raça aqui, que tem chilique por amor, eu não tenho pena, não. É tratar logo na porrada, no choque, não tem outro jeito. Amor? Tanta gente passando fome e os caras vêm com essa frescura de amor? Comigo não."
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