A pieguice como forma de apego ao passado dificilmente terá sido mais bem descrita do que nesta frase de António Lobo Antunes que reproduzo abaixo. Serviu-me a carapuça, como se diz, ou, se calhar melhor, caiu-me a máscara:
"A pieguice, sabe como é, substitui com frequência em mim o desejo genuíno de mudar, e vou ferindo imperturbavelmente as pessoas em nome dessa espécie peculiar de autocomiseração e arrependimento que reveste a maior parte das vezes a forma de um egoísmo feroz."
(Do romance "Os cus de judas", página 87, publicado pela Objetiva.)
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