domingo, 19 de agosto de 2012
Kama Sutra XXI
Havia uma saliência na capa do livro, e o homem ficou observando a mulher que, com o dedo, tentava tirá-la. Estava silenciosa aquela parte da livraria, a de literatura estrangeira, e o ruído da unha no papel, insistente e uniforme, o fez imaginar se aquele seria o dedo predileto da mulher quando se entregasse às suas fantasias. Ela raspou, raspou e, não lhe parecendo satisfatório o resultado, chamou o atendente, que se prontificou a buscar no estoque outro exemplar. Depois que a mulher se dirigiu com o romance ao caixa, o homem pegou o exemplar rejeitado e começou a passar a unha na saliência. Enquanto procurava reproduzir o ritmo regular e o ruído áspero que tinha ouvido minutos antes, imaginava se seriam aquele o ritmo e o ruído que talvez levassem a mulher a gemer, a suspirar, a morder o lábio, a fechar os olhos, agemeresuspirar, a ge e a sus.
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