"Ele leu Henry Miller. Se uma mulher bêbada se enfiasse na cama com Henry Miller, a trepada e sem dúvida a bebida também continuariam a noite inteira. Se Henry Miller fosse apenas um sátiro, um monstro de apetite indiscriminado, podia ser ignorado. Mas Henry Miller é um artista, e suas histórias, por mais abusivas que sejam e, provavelmente, repletas de mentiras, são histórias da vida de um artista. Henry Miller escreve sobre a Paris dos anos 30, uma cidade de artistas e de mulheres que amavam os artistas. Se as mulheres se jogavam em cima de Henry Miller, então, mutatis mutandis, deviam se jogar em cima de Ezra Pound, de Ford Madox Ford, de Ernest Hemingway e de todos os outros grandes artistas que viviam em Paris naqueles anos, para não falar de Pablo Picasso. O que ele vai fazer quando chegar a Paris ou Londres? Será que vai insistir em não jogar o jogo?"
(Do romance Juventude, tradução de José Rubens Siqueira, publicado pela Companhia das Letras.)
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