"A arquibancada era desmontável. Entramos debaixo dela. Vimos dois caras de pé bem no centro dela olhando para cima. Deviam ter treze ou quatorze anos, eram três ou quatro anos mais velhos que a gente.
- O que será que eles estão olhando? - perguntei.
- Vamos ver - respondeu Frank.
Nos aproximamos. Um dos garotos nos viu.
- Ei, pivetes, fora daqui!
- O que é que vocês estão olhando? - Frank perguntou.
- Eu disse pra vocês caírem fora daqui!
- Ah, diabos, Marty, deixa eles darem uma olhada!
Nós fomos até onde eles estavam de pé. E olhamos.
- O que é isso? - perguntei.
- Inferno, você não está vendo? - perguntou um dos garotos.
- Vendo o quê?
- É uma buceta.
Uma buceta? Onde?
- Olhe, bem ali! Consegue ver?
Ele apontou.
Havia uma mulher sentada com a saia amassada sob ela. Não estava de calcinha e, olhando entre as ripas da arquibancada, dava pra ver sua buceta.
- Vê?
- Sim, estou vendo. É uma buceta - disse Frank.
- Está bem, agora os garotos dão o fora e mantêm suas bocas fechadas.
- Mas a gente queria olhar mais um pouco - disse Frank. - Deixa a gente olhar mais um pouco.
- Tudo bem mas não muito.
Nós ficamos ali olhando.
- Eu estou vendo.
- É uma buceta - disse Frank.
- É realmente uma buceta - respondi.
- É - disse um dos garotos mais velhos -, é isso que é mesmo.
- Eu sempre me lembrarei disso - eu disse.
- Está bem, garotos, é hora de ir embora.
- Pra quê? - perguntou Frank. - Por que não podemos continuar olhando?
- Porque - disse um dos mais velhos - eu vou fazer uma coisa. Agora caiam fora daqui.
Nós saímos andando.
- Fico pensando, o que é que ele vai fazer? - perguntei.
- Eu não sei - disse Frank -, talvez atirar uma pedra."
(De Misto-quente, tradução de Luís Antônio Sampaio Chagas, publicado pela Editora Brasiliense.)
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