"Já disse que a alma não é mais do que o corpo,
E disse que o corpo não é mais do que a alma,
E nada, nem Deus, é maior para uma pessoa do que ela própria,
E quem caminha duzentos metros sem amar caminha amortalhado para o seu próprio funeral,
E eu ou tu que não possuímos um centavo podemos comprar o melhor que a Terra contém,
E olhar com um só olho ou mostrar um feijão na sua vagem desconcerta a aprendizagem de todos os tempos,
E não há ofício nem emprego em que um jovem não possa converter-se em herói,
E não há delicado objeto que não possa servir de eixo às rodas do universo,
E digo a todos os homens e mulheres: Que a tua alma permaneça tranquila e serena ante um milhão de universos.
E digo à humanidade: Não sintas curiosidade por Deus,
Porque eu que tenho curiosidade ´por tudo não sinto curiosidade por Deus,
(Não há palavras que possam definir a paz que sinto em relação a Deus e à morte.)
(De Canto de mim mesmo, tradução de José Agostinho Baptista, publicado pela Assírio & Alvim, Lisboa.)
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