sábado, 25 de abril de 2020

Soneto do amor banal (para Felipe Fortuna, Glauco Mattoso, Luiz Roberto Guedes e Silvana Guimarães)

Hoje não há quem veja mais no amor
Nada a não ser um fato, um simples fato,
Um ato mais do que comum, um ato
Cotidiano, sem peso e sem valor.

Não há mais quem, seja quem seja ou for,
Se disponha a lhe dar mais régio trato
E nem ao que ele dá mostrar-se grato,
Nem perante ele achar-se devedor.

O amor é agora um caso tão banal
Que pode se considerar igual
Ao de alguém que na rua vacilou,

Fez uma perna na outra tropeçar,
Sem no dia seguinte se lembrar
Se tropeçou ou se não tropeçou.

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